quinta-feira, 31 de março de 2022

Antes dos Fossilizers, havia A Era dos Ossos



Já é fato de que os Fossilizers marcaram seu lugar da história dos brinquedos Transformers como algo inovador na franquia, mas isso não quer dizer que seja uma idéia 100% inédita. Quando essa linha foi apresentada, muitos fãs enxergaram elementos parecidos com outros produtos anteriores de marcas diferentes, especialmente com brinquedos de montar (os Bionicle da Lego são ótimo exemplo). E hoje neste post vamos falar de uma linha dos anos 80 que tem tanta semelhança com os Fossilizers que parece que uma é continuação direta da outra. Estamos falando de Bone Age ("Era dos Ossos")



Lançada pela Kenner em 1987, a linha era ambientada na pré história e trazia vários esqueletos de dinossauros, que serviam de montaria para pequenos homens das cavernas que eram divididos em tribos (Gelo, Lava e Pedra). 













Além serem bem articulados e lançarem projéteis, o melhor recurso do brinquedo é que os esqueletos podiam ser todos desmontados e suas peças podiam ser combinadas e misturadas com os outros modelos, como um autêntico brinquedo de montar.



E claro que a possibilidade de criação desse brinquedo, assim como os Fossilizers, é quase infinita! 😃





Mesmo sendo uma ideia tão incrível, a linha Bone Age teve vida muito curta, sendo encerrada em 1987, com apenas uma wave lançada. Talvez porque não foi criada nenhuma série animada ou história em quadrinhos para promover os brinquedos. Num folheto de  brindes do Burger King aparecem imagens de  uma possível segunda wave baseada em insetos e mamíferos, mas que nunca saiu do papel.


A Kenner encerrou suas atividades em 2000, quando foi comprada pela Hasbro, mas esta nunca se interessou em relançar as marcas originais da empresa extinta; então a chance de vermos a Bone Age no mercado novamente é zero, infelizmente. Quem quiser ver esses brinquedos de perto vai ter que se aventurar a comprar os modelos originais a preços exorbitantes, em sites como o Ebay.

De qualquer forma, fica registrado aqui na Ilha a história desses incríveis fósseis de brinquedo, que deram origem a um conceito incrível, do qual os Fossilizers podem se considerar seus legítimos herdeiros. 

sexta-feira, 18 de março de 2022

Resenha: Transformers Cyberverse - Coragem e Animação!

 


Quando a série Cyberverse foi anunciada em 2018, ela tinha grande desafio pela frente: tirar a má impressão deixada pela animação anterior Robots in Disguise 2015 (um desenho com humor demais, ação de menos e uma linha de brinquedos pouco inspirada) e superar o estigma de série "muito infantil" que surgiu assim que noticiaram sua produção. Entretanto, quando finalmente foi ao ar, qualquer má impressão caiu por terra.

A inovação de Cyberverse começou com uma forma inédita de distribuição: além da exibição no canal Cartoon Network e Netflix,  a Hasbro disponibilizou a animação oficialmente do Youtube, totalmente gratuita e com dublagem em vários idiomas, ou seja, você pode assistir a todos os episódios sem assinar tv a cabo ou serviço de stremaing.



Além disso, reduzir a duração dos episódios para 10 minutos foi uma decisão muito acertada, pois ao se adaptar  à "geração Youtube", tornou cada história muito mais dinâmica, os roteiros são mais enxutos. Assim, existem momentos de humor, mas são curtos e rapidamente substituídos pela ação.

O design dos personagens melhorou muito, bem mais agradáveis que da série anterior, com um CG imitando animação 2D, com uma movimentação bem mais ágil. 

Mas o que me mais surpreendeu foi a evolução do roteiro, dos rumos que a história foi tomando. O que na primeira temporada indicava que a série seria sobre "As aventuras de Bumblebee e Windblade na Terra", foi sendo mais desenvolvida, acrescentando cada vez mais as personagens e, principalmente, dando espaço os coadjuvantes. Os Seekers, por exemplo, aqui não são apenas uma equipe de Decepticons, são uma categoria da civilização cybertroniana (que inclusive sofre discriminação). Também abriu espaço para apresentar novas personagens e suas histórias (fique atento principalmente a Shadow Striker e Clobber). Claro que Optimus e Megatron tem participação importante no decorrer da história, mas a série tem o cuidado de possibilitar que os outros robôs se destaquem, inclusive um certo Decepticon no final da série vai se tornar mais querido do que já é. 😉 Outra sacada genial foi apresentar que alguns Transformers fazem parte da fauna cybertroniana.




Outro detalhe interessante é que, no decorrer das temporadas, a animação deixou claro que mudou sua proposta inicial: durante os episódios, e claro, dentro do contexto de uma série animada deste tipo, junto com os momentos de humor temos muitos socos, tiros, torturas e... mortes! Sim, vários personagens perdem a vida. De forma definitiva.

E provou, mais uma vez, que a melhor forma de se fazer uma série de Transformers é sem humanos.

No quesito fanservice, Cyberverse é um prato cheio. Ela traz várias referências de personagens e elementos de séries anteriores, como o Allspark, Vector Sigma, Enigma da Combinação, o filme animado de 1986 e até conceitos de outras franquias, como a cinessérie Matrix.


Muito mais do que outros desenhos de Transformers, esta série não deixa nenhuma ponta solta para continuações: temos toda a história da Guerra de Cybertron contava do início ao fim.

OS DINOBOTS EM CYBERVERSE

Outra grande boa surpresa foi como a série tratou nossos queridos Dinobots. Nas três primeiras temporadas Grimlock participou ativamente, com uma nova personalidade que se alternava entre o racional e o selvagem quando se transformava. Misturando elementos do desenho G1 e dos quadrinhos da Marvel, ele teve sua origem ligada ao passado da Terra e também já tinha um passado de guerreiro e explorador. 



Mas o mais surpreendente foi guardado para o final, quando na última temporada (que teve apenas dois especiais de 44 minutos cada), o restante da equipe foi reunida numa aventura dedicada a eles! No episódio Os Imobilizadores:


Nesta história Slug, Snarl, Sludge e Swoop tem uma nova origem, e pela primeira vez numa série animada vemos Grimlock realmente como um líder, e como ele inspira respeito ao resto do grupo. Os Dinobots tem a oportunidade de desenvolver seu espírito de equipe, inclusive com a participação de um certo combiner. E ainda a série cunhou para a equipe o seu primeiro lema: "Ficaremos juntos frente à catástrofe, com coragem e muita animação!"



Com tantas qualidades, e se tratando de algo criado por uma empresa de brinquedos, era de se esperar uma linha estivesse à altura, não é mesmo? Mas infelizmente a Hasbro, pelo visto, subestimou o potencial de Cyberverse conquistar o público mais velho e lançou apenas produtos mais simples, com poucas articulações e cheios de partes automáticas, os chamados gimmicks. Foram lançados poucos modelos mais fiéis à animação no formato deluxe tradicional. Uma pena, pois a série nos faz gostar dos personagens e querê-los nas nossas prateleiras.


Em resumo, Cyberverse merece ser conferida por ter sido uma série que surgiu sem grande alarde, sofreu com desconfiança no início, mas soube evoluir e se reinventar, e esperamos que o tempo faça justiça a essa animação e seja valorizada no futuro, mas que a Ilha já considera uma das melhores da franquia nos últimos anos.