Quando a série Cyberverse foi anunciada em 2018, ela tinha grande desafio pela frente: tirar a má impressão deixada pela animação anterior Robots in Disguise 2015 (um desenho com humor demais, ação de menos e uma linha de brinquedos pouco inspirada) e superar o estigma de série "muito infantil" que surgiu assim que noticiaram sua produção. Entretanto, quando finalmente foi ao ar, qualquer má impressão caiu por terra.
A inovação de Cyberverse começou com uma forma inédita de distribuição: além da exibição no canal Cartoon Network e Netflix, a Hasbro disponibilizou a animação oficialmente do Youtube, totalmente gratuita e com dublagem em vários idiomas, ou seja, você pode assistir a todos os episódios sem assinar tv a cabo ou serviço de stremaing.
Além disso, reduzir a duração dos episódios para 10 minutos foi uma decisão muito acertada, pois ao se adaptar à "geração Youtube", tornou cada história muito mais dinâmica, os roteiros são mais enxutos. Assim, existem momentos de humor, mas são curtos e rapidamente substituídos pela ação.
O design dos personagens melhorou muito, bem mais agradáveis que da série anterior, com um CG imitando animação 2D, com uma movimentação bem mais ágil.
Mas o que me mais surpreendeu foi a evolução do roteiro, dos rumos que a história foi tomando. O que na primeira temporada indicava que a série seria sobre "As aventuras de Bumblebee e Windblade na Terra", foi sendo mais desenvolvida, acrescentando cada vez mais as personagens e, principalmente, dando espaço os coadjuvantes. Os Seekers, por exemplo, aqui não são apenas uma equipe de Decepticons, são uma categoria da civilização cybertroniana (que inclusive sofre discriminação). Também abriu espaço para apresentar novas personagens e suas histórias (fique atento principalmente a Shadow Striker e Clobber). Claro que Optimus e Megatron tem participação importante no decorrer da história, mas a série tem o cuidado de possibilitar que os outros robôs se destaquem, inclusive um certo Decepticon no final da série vai se tornar mais querido do que já é. 😉 Outra sacada genial foi apresentar que alguns Transformers fazem parte da fauna cybertroniana.
Outro detalhe interessante é que, no decorrer das temporadas, a animação deixou claro que mudou sua proposta inicial: durante os episódios, e claro, dentro do contexto de uma série animada deste tipo, junto com os momentos de humor temos muitos socos, tiros, torturas e... mortes! Sim, vários personagens perdem a vida. De forma definitiva.
E provou, mais uma vez, que a melhor forma de se fazer uma série de Transformers é sem humanos.
No quesito fanservice, Cyberverse é um prato cheio. Ela traz várias referências de personagens e elementos de séries anteriores, como o Allspark, Vector Sigma, Enigma da Combinação, o filme animado de 1986 e até conceitos de outras franquias, como a cinessérie Matrix.
Muito mais do que outros desenhos de Transformers, esta série não deixa nenhuma ponta solta para continuações: temos toda a história da Guerra de Cybertron contava do início ao fim.
OS DINOBOTS EM CYBERVERSE
Outra grande boa surpresa foi como a série tratou nossos queridos Dinobots. Nas três primeiras temporadas Grimlock participou ativamente, com uma nova personalidade que se alternava entre o racional e o selvagem quando se transformava. Misturando elementos do desenho G1 e dos quadrinhos da Marvel, ele teve sua origem ligada ao passado da Terra e também já tinha um passado de guerreiro e explorador.
Mas o mais surpreendente foi guardado para o final, quando na última temporada (que teve apenas dois especiais de 44 minutos cada), o restante da equipe foi reunida numa aventura dedicada a eles! No episódio Os Imobilizadores:
Nesta história Slug, Snarl, Sludge e Swoop tem uma nova origem, e pela primeira vez numa série animada vemos Grimlock realmente como um líder, e como ele inspira respeito ao resto do grupo. Os Dinobots tem a oportunidade de desenvolver seu espírito de equipe, inclusive com a participação de um certo combiner. E ainda a série cunhou para a equipe o seu primeiro lema: "Ficaremos juntos frente à catástrofe, com coragem e muita animação!"
Com tantas qualidades, e se tratando de algo criado por uma empresa de brinquedos, era de se esperar uma linha estivesse à altura, não é mesmo? Mas infelizmente a Hasbro, pelo visto, subestimou o potencial de Cyberverse conquistar o público mais velho e lançou apenas produtos mais simples, com poucas articulações e cheios de partes automáticas, os chamados gimmicks. Foram lançados poucos modelos mais fiéis à animação no formato deluxe tradicional. Uma pena, pois a série nos faz gostar dos personagens e querê-los nas nossas prateleiras.
Em resumo, Cyberverse merece ser conferida por ter sido uma série que surgiu sem grande alarde, sofreu com desconfiança no início, mas soube evoluir e se reinventar, e esperamos que o tempo faça justiça a essa animação e seja valorizada no futuro, mas que a Ilha já considera uma das melhores da franquia nos últimos anos.
Transformers Cyberverse foi produzida pela Boulder Media Limited e Allspark Animation e distribuida pela Hasbro Studios. A primeira temporada terá 18 episódios de 11 minutos de duração cada.
Nessas novas aventuras, Bumblebee
começa a sofrer amnésia, e sua parceira, Windblade, vem ao resgate e
conserta seus chips de memória, permitindo-lhe redescobrir suas
aventuras passadas em Cybertron.
Uma vez que suas memórias são consertadas, Bumblebee recebe uma pista
que levará tanto ele quanto Windblade a completar sua missão atual e
salvar seus amigos, sem saber que Megatron enviou seus assassinos Decepticons para caçá-los.
A série estreou nos Estados Unidos em 1º de setembro de 2018, e tem previsão de chegar ao Brasil no final do mesmo ano, sendo exibida pelo Cartoon Network.
E claro que Grimlock não ia ficar de fora, veja seu novo visual!
ATUALIZAÇÃO 29/11/2018:
A série está sendo exibida, com dublagem em português, no canal da Hasbro no Youtube! Confira!
A dublagem brasileira é considerada uma das melhores do mundo, e faz parte da nostalgia das séries de Transformers. É hora de homenagear e relembrar os talentos que emprestaram duas vozes para os Dinobots:
Onde: Herbert Richers
Quando: Entre 1985 e 1986
Direção: Mário Monjardim
MARCOS MIRANDA (1938-1988)
Dono da primeira (e mais conhecida) dublagem de Grimlock na versão brasileira da série G1, Marcos também fez a voz do Swoop. Fez outros trabalhos inesquecíveis, como o Mentorno desenho He-man, Doutor Terror em Centurions e dublou o ator William Shatner na série Carro Comando e nos primeiros filmes de Jornada nas Estrelas.
ANTONIO PATIÑO (1929-2014)
Fez a 2ª voz de Grimlock na série G1. É lembrado com carinho pelos fãs por trabalhos como Tio Patinhas no desenho Duck Tales e Sr Cabeça de Batata nos dois primeiros filmes Toy Story.
PAULO FLORES (1944-2003)
Este saudoso dublador emprestou seu vozeirão para interpretar Grimlock na série, e na versão exibida na TV Globo de Transformers - o filme de 1986.Além disso dublou o ator Michael Clark Duncan em vários filmes, foi a voz do Simiano em Thundercats, Aríete em He-man e do protagonista Benjamim Sisko na série Jornada nas Estrelas - Deep Space Nine.
AYRTON CARDOSO (1939-2019)
Ayrton fez a voz do personagem Slag. Também dublou Alfred em Batman the Animated Series e Apolo Doutrinador no filme clássico Rocky um Lutador.
NELSON BATISTA ( ? - 1998)
O dono da voz do dinobot Sludge ficou conhecido por dublar os atores Jerry Lewis e Al Pacino em vários filmes.
GARCIA NETO (1931 - 1996)
O dublador da 2ª voz de Sludge também deixou sua marca como o narrador do desenho Pica-Paualém do inesquecível Jagga em Thundercats e da voz de Spock nos primeiros filmes de Jornada nas Estrelas.
CARLOS SEIDL
Responsável por dublar o personagem Sludge, este querido dublador que até hoje atende os fãs em eventos e convenções tem como o papel mais marcante da carreira interpretar Seu Madruga no seriado Chaves, além do inesquecível Dr. Gori em Spectreman.
ORLANDO PRADO (1927-1999)
Onde: Álamo
Quando: 2008
Direção: não disponível
FADULI COSTA
Dos três Dinobots que apareceram na série, dois entraram mudos e saíram calados. Então coube a Faduli dublar Grimlock. Este profissional atua na área desde 1997, com trabalhos de dublagem, narração e ministrando cursos de interpretação e expressão verbal. Tem participação frequente no mercado de animes, fazendo personagens em InuYasha, Naruto, Samurai X, Dragon Ball, Monster Rancher, Yu-Gi-Oh, Pokemon, entre outros.
Onde: TV Group Digital, Double Sound e SGI Mídia
Quando: 2015
Direção: Wagner Fagundes e Márcia Coutinho
CASSIUS ROMERO
O dublador do Grimlock já é figura conhecida dos fãs de animes, pois já dublou diversos papéis nessas produções, como Tuxedo Mask em Sailor Moon, vários personagens em Cavaleiros do Zodíaco, além de fazer a voz de Neganna série The Walking Dead.
Para interpretar a versão "racional e furiosa" de Grimlock em Cyberverse, foi escolhido este ator e humorista, que atua desde os 17 anos de idade. Estreou sua
carreira no programa de humor chamado Agildo no País das Maravilhas
(Rede Bandeirantes). Após essa estréia, Enio atuou em diversos programas
de humor na TV, tais como Cabaré do Barata (Rede Manchete), Programa da
Angélica (SBT), A Praça é Nossa (SBT), Domingo Legal (SBT) e Domingão
do Faustão, (Rede Globo). Fez também participações em programas como A
turma do Didi e Zorra Total. Em 1996, começou a fazer participações com o
grupo Café com Bobagem, imitando vozes de famosos personagens de
novelas da época, e em 1997, passou a fazer parte do grupo como titular.
Atualmente faz eventos e shows de stand up comedy com o grupo Liga da Comédia.
Como dublador, seus trabalhos de destaque mais recentes foram do personagem Arturo Roman da série da Netflix La Casa de Papel e do insano cientista Rick na 3ª temporada de Rick and Morty.
Quem dá voz ao Slug é o dublador brasileiro conhecido por emprestar sua voz a diversos personagens em animes, desenhos animados, filmes e séries.Um de seus papéis mais notáveis e que o tornou bastante reconhecido é a voz de Kirishima Eijirou em "My Hero Academia". Ele também teve participação em produções como "Assassination Classroom", onde dublou o personagem Yuji Itadori em um episódio.Além de animes, Bruno Casemiro também atua na dublagem de games e em trabalhos de locução.
A versão brasileira de Sludge ficou com Leandro Loureiro, que é um dublador brasileiro que, após uma carreira em informática, realizou seu sonho de criança de trabalhar com a voz, começando na área em 2018. Ele é amplamente reconhecido por dar voz a personagens icônicos como Black Hat em "Vilanesco", Lodin em "Beyblade Burst Rise" e Peltrola em "Go Go Loser Ranger". Sua versatilidade permite que atue em animes, desenhos, filmes e jogos, demonstrando paixão e talento por vozes caricatas e distintas. Além de dublador, é locutor, radialista, cantor e compositor, mantendo uma forte presença digital.
Snarl foi dublado por Marcos Becker, que é um dublador, diretor e locutor brasileiro, reconhecido por sua voz grave e marcante. Ele deu vida a personagens icônicos como Jiraiya em "Naruto Shippuden", Mr. Satan em "Dragon Ball Z Kai" e Odin em "Os Vingadores: Os Maiores Heróis da Terra". Sua versatilidade o permite transitar entre heróis, vilões e narradores, como no History Channel.
A primeira versão feminina de Swoop ganhou a voz brasileira desta dubladora, cantora lírica e atriz que iniciou sua carreira na dublagem aos nove anos. Reconhecida por sua versatilidade vocal, ela deu voz a personagens memoráveis como Violeta Pêra em "Os Incríveis" e "Os Incríveis 2", a protagonista Raya em "Raya e o Último Dragão", e Coraline em "Coraline e o Mundo Secreto". Além disso, dublou Rosetta na franquia Tinker Bell e a Samara de "O Chamado". Paralelamente à dublagem, Lina tem uma carreira de sucesso como soprano, atuando em óperas e musicais como "O Fantasma da Ópera".
Quem teve a missão de dublar o combiner Volcanicus foi Samuel Mota, que é um ator, dublador, locutor e diretor teatral brasileiro. Ele atua em diversos estúdios de dublagem, emprestando sua voz para séries, novelas, filmes, documentários e realities shows. Além de dublar, Samuel também é conhecido por seus trabalhos em locução publicitária para marcas como Axe, PS4 e Itaú. Sua carreira abrangente no teatro, onde já foi ator e diretor, contribui para sua expressividade na dublagem.
Para a voz do Rei Grimlock em Earthspark tivemos o privilégio de termos a voz de Garcia Júnior, que é um renomado dublador, diretor de dublagem, ator e locutor brasileiro, uma verdadeiro ícone da dublagem dos anos 80, com uma carreira que se estende por mais de 40 anos. Filho de dubladores, ele se destacou na Herbert Richers e se tornou a voz icônica de He-Man e Simba Adulto em "O Rei Leão". Por 17 anos (1994-2011), foi Diretor de Criação da Disney Character Voices International Inc., dirigindo e adaptando produções como "Toy Story 3". Ele também é a voz oficial de atores como Arnold Schwarzenegger e Daniel Craig em muitos filmes.
Para a voz brasileira do novo personagem Jawbreaker, o escolhido foi Bruno Tarta, que é um dublador brasileiro conhecido pela voz do personagem Donatello nos filmes de "As Tartarugas Ninja" a partir de 2014, incluindo "As Tartarugas Ninja Fora das Sombras" (2016) e "Batman versus Tartarugas Ninja". Além disso, ele contribuiu com vozes adicionais em animes como a 3ª temporada de "Re:ZERO -Starting Life in Another World-", e também dublou em "The Iceblade Sorcerer Shall Rule the World" (personagem Bruno).